Entrada del blog por Tania Cristina Baptista Cabral
No início do ano a turma, irrequieta, aguarda a chegada do professor. Alguém entra e anuncia: - Sou o professor de Matemática. Apresentação desnecessária, posto que o horário é de Matemática e ele, bem mais velho que os alunos, posta-se atrás da mesa, sobre a qual coloca sua pasta. Não precisaria mais... Acabado o tempo, ele se vai. Os alunos levantam-se e saem. A aula está terminada.
Os momentos inicial e final, pensados como marcas de uma duração, aparecem como vazios e sem importância. Entretanto, a mera presença inaugural da figura do professor, anuncia o discurso que ali será colocado: aula de Matemática. O conceito de discurso, com base em Lacan, é precisamente este: estatuto dos enunciados. Não se deve entender discurso como uma fala encadeada do professor que o aluno escuta, invertendo-se ocasionalmente esses papéis, quando é o aluno quem fala. Da teoria lacaniana apreendemos o conceito de quatro discursos que devem ser entendidos como a condição para que esse desencontro chamado "comunicação" seja bem sucedido; deve ser entendido como a série de acontecimentos discursivos que alunos e professor se esforçam por manter quando falam e agem. É sob o conceito de discurso que pensamos a aula de Matemática, tanto a do ensino tradicional vigente quanto a da modalidade alternativa, trabalho produtivo e colaborativo realizado em equipe, que propomos.