Blog entry by NELSON COSTA FOSSATTI

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by NELSON COSTA FOSSATTI - Thursday, 6 January 2011, 10:52 AM
Anyone in the world

Pueri,  sacer est locus extra migite

Nelson Fossatti /Prof. Dr. Administração  e Comunicação PUCRS

 

 

 

 Quem estava no recente ato de formatura do curso de Administração da PUCRS,ainda deve  ter presente os momentos e a essência do discurso acadêmico. Ainda é possível ouvir no eco de suas vozes,imagens transfiguradas de fé, de otimismo e esperança no Brasil de hoje. Os formandos manifestaram, em coro, sua indignação à administração pública do país.O lema era “chegou a hora da virada” queremos  Administradores, administrando o setor Público, que  “sirvam nossas façanhas de modelo a toda  terra”. Vezes nos questionamos se  Administração Pública do país estaria retornando ao pensamento medieval ou sendo iluminada  pelo oráculo de Delfus da civilização helênica. A quem interessaria confundir a figura do Administrador profissional, graduado em administração  com aqueles que  detém  o título, não menos honroso de Gestor Público. Enquanto aquele  busca(ad minister, ao serviço de)realiza os objetivos organizacionais de forma eficiente, eficaz e efetiva, através do planejamento, organização,liderança e controle.O gestor público, conforme sugere Bédard(1998), exige uma complementariedade, além de conhecer o serviço de ofício, exercer uma  gerência, prestar serviços comprometidos, ou não, com algum pensamento político-filosófico, ser mandatário de um poder delegado, podendo também legar poder a outrem”.Nesta concepção, o gestor público deve além de ser um especialista, na área fim, ter conhecimento de algumas ferramentasde  administração.Espera-se no mínimo,que saiba  o “que fazer” e ter o discernimento de delegar  para quem sabe o “como fazer”.Para isto é necessário que tenha algumas competências, como  planejar,liderar,motivar,comunicar e controlar. Seria recomendado também, que tangenciasse  algumas ferramentas da administração: administração de processos,estatística, Indicadores, avaliação e desempenho, contabilidade,finanças programas de qualidade,PPA,LDO, LOAs, parceriaspúblicas,ONG’s,OSCIP’s,RegimeJurídicoÚnico,estruturas-matriciais, Código do Consumidor e Lei de Responsabilidade Fiscal.A sociedade  espera, bem mais do  que  ser apenas, detentor de responsabilidades administrativas, de  delegação do   Estado, de ser  especialista   na atividade de ofício, a qual foi conduzido, espera-se que seus pesadelos, na noite, estejam envolvidos também  com a busca  da eficiência, eficácia e efetividade do cargo que ocupa.No discurso “a hora da virada”os alunos de Administração, com justa razão,manifestaram, um estranhamento diante do atual critério de escolha de gestores públicos. Sugerindo um pensamento medieval de cavalariças.O historiador flamengo, Johan Huizinga,lembra que na idade média, o pequeno vassalo, o pajem, o escudeiro, antes de ser cavaleiro, deveria ser conhecedor do manejo da lança, da espada, de estratégias, posteriormente poderia ter a sorte de ajoelhar-se  diante de seu senhor que lhe impunha o gládio, depois batia-lhe três vezes no ombro dizendo:"Eu te faço cavaleiro em nome do Pai  e do Filho e do Espírito Santo, de São Miguel e de São Jorge.Sê valente, destemido e leal”.

Embora deploramos este sentimento,vivemos um surto  de “cavaleiros  gestores”  que uma vez nomeados, atendem uma racionalidade instrumental, onde os traços de competência podem ser  traduzidos pela notoriedade,número de votos,imagem política,potencialidade eleitoral, fisiologismo, clientelismo, apadrinhamento, nepotismo, etc. É preciso reconhecer, que chefes de estado  estão fazendo gestores  públicos  como se faziam  cavaleiros da idade média. Com uma ressalva àqueles eram competentes e estavam preparados.Os de hoje, traduzem sua  incompetência, pelos excesso de gastos com a máquina pública, Cr$38 milhões apenas, em cartão de créditos, uma gula fiscal de Cr$ 769 bilhões , onde 40%  é destinado para salários, o caos aéreo, as obras superfaturadas, os investimentos na “terra do nunca”, onde  obras  inacabadas,viadutos e pontes  foram inaugurados em locais isolados do mundo.O medo e o temor nas cidades, contempla os vários exércitos às ruas, exército dos sem terras, dos sem teto e dos bolsa família.Uma  esfera pública,  onde tudo é surpresa, o país vive de sustos, de impactos econômico,sociais,e políticos. De outro lado,  padece da   ausência de Controle, parece  não ter tempo para avaliar e corrigir seus rumos, é incapaz de avaliar os resultados, e estabelecer estratégias de médio e longo prazo, há ausência de eficiência não se mensuram a eficácia e a efetividade no atendimento das demandas.Quais os órgãos que estão pensando os resultados da gestão pública?A resposta aponta para alguns órgão públicos,  que vem conquistando maior credibilidade junto a sociedade como MinistérioPúblico que defende os interesses sociais, possui poder de Estado com independência, Poder judiciário, a Policia Federal, o Tribunal de Contas e principalmente a Midia e profissionais de comunicações,que a todo momento  informam e dão visibilidade aos fatos.No discurso dos acadêmicos,“a Hora da virada”apontou, certa falta de respeito tanto para com os profissionais de Administração como outras profissões. O conselho Regional de Administração –CRA   informa que o Estado  possui 86 escolas  de Administração, 24.500 administradores.Poderíamos perguntar quantos administradores estão atuando como gestores na esfera pública? Seria possível contar  cem? Enganam-se aqueles que pensam  ser  possível aguardar  40 anos para “hora da virada”,e deixar de  enfrentar estas verdades. Todo professor convive com estas verdades, quer em sala de aula, quer no dia adia com seus alunos.Alguma coisa está acontecendo, uma nova geração, talvez... a  ética  e o idealismo profissional, quem sabe, estão sendo eficazes.  

Para aqueles que  ainda estão no lugar errado, talvez seja possível invocar, o citado poeta romano,Aulo Pérsio(62d.C.) nas suas Sátiras I,(115), lembra  que  na antiga Grécia  se respeitava pelo menos os lugares santos.Quando alguns homens irresponsáveis se comportavam como  meninos e  tinham incontinência urinária  nos templos ou lugares  sagrados,  havia um oráculo amigo que os mandavam para  outro lugar, “menino, o lugar é santo vai fazer xixi lá fora” puri sacer est locus estra migite.