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Brasil ainda não definiu política integrada de aplicação de padrões de práticas pedagógicas que envolvam uso das TICs

Gabriela Dobner, iG São Paulo | 27/04/2010

As tecnologias utilizadas na sala de aula funcionam apenas como material de apoio do professor. A constatação é de Maria Inês Bastos, educadora e consultora da Unesco, que participa do evento O Impacto das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) na Educação na América Latina e no Caribe, organizada pela Unesco em Brasília. “A aula pode até ficar mais divertida. Mas não sei se ajuda os alunos a aprenderem mais.”

De acordo com ela, o Brasil ainda não definiu uma política integrada de validação e aplicação de padrões de práticas pedagógicas que envolvam o uso de tecnologia em classe, como acesso, ferramentas ou formação de professores. “É fundamental utilizar as TICs na preparação do material didático. O Brasil tem condições de fazer uma proposta de padrão de competências como o Chile fez com a Rede Enlace. O país tem cursos de capacitação de professores e o ministério da educação definiu metas e sistemas que medem o cumprimento destas metas”, explica.

Além da dificuldade em implementar as TICs nas práticas pedagógicas, a maioria das escolas brasileiras ainda não tem acesso à banda larga. Das 135 mil instituições públicas urbanas (65 mil) e rurais (70 mil), apenas 45mil têm acesso a ela. De acordo com o secretário de Educação à Distância do Ministério da Educação, Carlos Bielshowsky, a meta é atingir 92% da população escolar até o final deste ano. “Saímos do zero. Não há país no mundo que tão rapidamente tenha conseguido resolver o problema. Banda larga nas escolas é fundamental para um salto do estudante no uso da tecnologia na sala de aula.”

Segundo Bielshowsky, professores estão recebendo cursos de capacitação. Muitos têm o primeiro contato com computadores e aprendem a utilizá-lo (desde ligar o equipamento até salvar um arquivo). Outros – cerca de 40 mil atualmente – fazem lato sensu em tecnologia de informação. Os números ainda são pequenos. Para ter uma ideia, só a rede estadual de ensino de São Paulo tem cerca de 220 mil professores. “Não adianta investir só em infraestrutura. É jogar dinheiro fora”, diz.

“O professor tem papel fundamental. Aparentemente o mundo inteiro esqueceu dos professores e os deixaram andando com as próprias pernas”, completa Maria Inês.